SABORES LEVES E AGRADÁVEIS

Inspirado em um fato real, o filme Os Sabores do Palácio  dirigido por Christian Vincent e estrelado por Catherine Frot é um romance leve e agradável na linha Sessão da Tarde, apesar de ter essa origem verídica.
Narrando a história da chef de cozinha francesa Hortense Laborie ( Catherine Frot) o filme mostra o cotidiano da cozinha presidencial francesa mostrando situações desconhecidas pelo público. Esse é o ponto mais forte do roteiro: retratar a história de uma profissional que trabalha na cozinha francesa é a grande novidade do filme.
A vida de Hortense e dos demais funcionários não é importante para o diretor e sim a atuação deles dentro do local de trabalho. Os ciúmes, competições, brigas, as dificuldades de se administrar a relação entre os profissionais que trabalham na cozinha são os principais méritos do filme.
Apesar de leve demais em alguns pontos, Os Sabores do Palácio é recomendável para quem se dispõe a ver uma atração bem leve e sem maiores compromissos. Uma mistura de drama e comédia que merece ser vista.

SAGA POLÍTICA E HUMANA

Prosseguindo sua tradição de fazer um cinema político, a cineasta Margareth von Trotta realiza uma excelente cinebiografia da conceituada filósofa Hannah Arendt. O filme é estrelado por Barbara Sukowa, grande atriz alemã que já havia interpretado Rosa Luxemburgo no passado, e mostra o célebre Julgamento de Nuremberg que Hannah cobriu como jornalista para a revista The New Yorker. Mostrando as reflexões da filósofa sobre a natureza do mal e sobre as motivações que levaram os carrascos nazistas a matarem milhares de judeus nos campos de concentração o longa retrata muito bem quais foram as reflexões da célebre filósofa que criaram o conceito da banalidade do mal. Margaret von Trotta faz um excelente trabalho no campo do cinema político, pois o roteiro é muito claro ao mostrar as discussões entre Hannah e seus colegas que também cobriram o julgamento.
Outro aspecto interessantíssimo é que a repercussão das idéias de Hannah  são mostradas na intensidade que tiveram junto à sociedade acadêmica. Os pares da célebre filósofa reagem algumas vezes violentamente às idéias dela. Nesse aspecto Margareth von Trotta é primorosa ao expor exatamente como as coisas aconteceram na época. Outro ponto alto do filme é o elenco que está perfeito, principalmente a veterana Barbara Sukowa que incorpora perfeitamente a figura de Hannah e defende suas convicções com absoluto rigor e paixão. Sukowa é um dos principais prazeres desse filme, pois como sua personagem conduz a história, ela é o elemento fundamental para se assistir esse longa excelente e de grande valor histórico.

UMA BIOGRAFIA MARAVILHOSA

Fazendo um retrato do pintor francês PierreAugust Renoir ( Michel Bouquet excelente) o filme Renoir reconstitui com perfeição a época vivida pelo célebre pintor e mostra sua obra e sua vida se misturndo de maneira a uma influenciar a outra intensamente.
No longa o diretor Gilles Bourdor faz um mergulho intenso na influência da vida de Renoir na sua obra, em seus amores, suas musas, sua conturbada relação com seu filho o cineasta Jean Renoir ( Vincent Rothiers) e em como sua obra se confunde com sua vida e vice-versa fazendo do filme uma interessante cinebiografia. Essa tendência de se mostrar o recorte de uma fase de vida do biografado ao invés de sua vida do nascimento `a morte vem se firmando no cinema mundial atual e representa uma mudança de enfoque na abordagem de vidas pelos filmes. Dramaturgicamente é um método interessante e criativo que valoriza o filme e cria mais emoções que o modelo tradicional. Uma tendência curiosa e emocionante.